Beleza e felicidade: eterno paradoxo

19/06/2011 17:44

Beleza e felicidade: eterno paradoxo Quem nunca ouviu os velhos ditados populares: “Dinheiro não traz felicidade”, “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Mas um se sobrepõe, cunhado e imortalizado por Vinicius de Moraes: “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Não podemos negar que quem possui beleza é mais confiante e seguro de si mesmo, e autoconfiança e segurança são coisas essenciais para o sucesso em todas a esferas da sociedade. Tanto para feios, quanto para bonitos.

Felicidade é, a grosso modo, uma gama de emoções e sentimentos que vai do contentamento ou satisfação até a alegria intensa ou ao júbilo. Significa, ainda, bem-estar ou paz interna. Em linguagem comum, quando se diz “estou feliz”, está-se a utilizar o primeiro significado – o de emoção. Enquanto que se se diz “sou feliz”, está-se a utilizar o significado de bem-estar. Aliar dinheiro a felicidade até que faz sentido, guardadas as devidas ressalvas. Mas beleza é sinônimo de felicidade? Seriam as pessoas belas, as mais felizes?

Segundo os psicólogos Ed Diener e David Myer, citados por Nancy Etcoff, autora do livro A Lei do Mais Belo, a felicidade tem mais a ver com qualidades pessoais, tais como otimismo, senso de controle pessoal, autoestima, capacidade de tolerar a frustração e sentimentos de conforto e afeição pelas pessoas, do que com aparência ou dinheiro. É da natureza humana ajustar as expectativas conforme as circunstâncias – quanto mais temos, mais queremos, na medida em que estamos sempre nos comparando com pessoas que têm mais. “O desejo é insaciável”.

Todos experimentamos o belo. E isso se faz tão peculiar. Mas é fácil explicar o porquê de encontrarmos beleza em um ser e, em outro, não? Nancy Etcoff diz no livro que “é difícil pôr em palavras porque certos pares de olhos ou uma determinada boca nos comovem e outros não. Até mesmo para os poetas, muitas vezes, isso ultrapassa a linguagem. Olhando para o objeto de beleza, enfrentamos séculos de luta para capturar a essência da beleza”.

Desde antes do filósofo Sócrates, o binômio beleza/felicidade é pensado. Principalmente pela inexatidão de uma concepção única de belo. Pode-se dizer que belo é o simétrico. Mas o conceito de ser simétrico dos gregos pré e pós-socráticos é o mesmo do século 21?

O ser belo é feliz em plenitude? Existe uma ideia de belo que só nós conhecemos. E que nos une. Vivemos e sonhamos a partir dessas representações de perfeição. O belo representativo, que alimenta a indústria do desejo. O belo que é feliz e, ao mesmo tempo, tão triste. O belo que é perfeito e, ao mesmo tempo, tão imperfeito. Tão divino e tão pecador. Tão seu, tão nosso. Que pertence a todos e, talvez, a ninguém.
 

É mais importante ser bonita ou ser feliz?

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